
Pierre Cordier, falecido em 2024, foi um artista belga. É considerado um pioneiro da quimigrama e do seu desenvolvimento como meio de expressão artística.
Definição
“A ferramenta essencial do processo fotográfico não é a câmera, mas a camada sensível à luz.” László Moholy-Nagy
“Com o advento da fotografia em 1839, a pintura passou por uma transformação radical. Hoje em dia, o processo digital está revolucionando a fotografia. O quimigrama, fusão da pintura e da fotografia, é provavelmente a aventura máxima do brometo de prata em gelatina.” Pierre Cordier

(Cordier usa o termo “localizing product” prefiro produto isolante)
1- O quimigrama não é uma fotografia
“Fotografia” significa “escrever com luz”. No entanto, o quimigrama é feita em plena luz. Como se pode escrever com luz sobre um suporte que ela já tocou completamente? O quimigrama não é uma “escrita de luz”, mas uma “escrita de química”, visto que quem escreve é o revelador e o fixador.
2- O quimigrama não é um fotograma
Assim como o fotograma, o quimigrama é feita sem câmera (“cameraless”) e sem lente (“lensless”). O fotograma é uma técnica em que a luz escreve, como na fotografia. No entanto, no quimigrama, a química escreve, a luz não. Isso significa que o quimigrama deve ser classificada em uma categoria específica e não deve ser anexada ao fotograma, como alguns historiadores fizeram.
3- O quimigrama não é exclusivamente química
Como a palavra “quimigrama” deriva de “química”, vários críticos e historiadores acreditam que as formas das quimigramas são obtidas exclusivamente por meio da química e desconhecem o uso de produtos isolantes. Esses produtos entram na fabricação de tintas (vernizes, ceras, óleos) e sofrem transformações não químicas, mas “físicas” (descolamento, rachaduras, erosão, dissolução, etc.). O quimigrama é mais precisamente uma técnica “físico-química”. É possível obter quimigramas deixando apenas o revelador e o fixador agirem sobre a emulsão fotossensível.
4- Produtos isolantess não são raros
Eles são inúmeros: qualquer coisa que possa aderir por alguns instantes ao papel fotográfico pode criar um quimigrama. Produtos isolantes podem ser encontrados em cozinhas, banheiros ou em oficinas de pintura.
5- O quimigrama não utiliza produtos químicos raros
Alguns autores acreditam que as formas complexas do quimigrama só podem ser obtidas com produtos raros, como os usados em gravura ou mesmo na alquimia. No entanto, esses produtos são simplesmente os mesmos usados na fotografia com gelatina/ brometo de prata: emulsões fotossensíveis, revelador e fixador.
6- O quimigrama pode ser aleatória ou controlada
O praticante do quimigrama se depara com diferentes tipos de acaso (incontrolável, incontrolável), mas o acaso também é algo que ele pode controlar e programar, sendo frequentemente seu melhor colaborador.
7- Não há necessidade de um “O” na palavra “quimigrama”
Quando inventei a palavra em 1958, ainda não eram conhecidas técnicas terapêuticas cujos nomes começavam com as mesmas quatro letras.
8- Talvez a conotação pejorativa da palavra “química” afete a palavra “quimigração”.
Com muita frequência, a palavra “química” é usada para se referir à poluição, alimentos envenenados, etc. Faço o possível para me reunir com cientistas, industriais e jornalistas, todos interessados em reabilitar essa palavra, que também é a base de tudo o que existe na Terra. É interessante notar que a palavra “física” não tem o mesmo destino. Tomara que a quimigração nos dê uma ideia melhor do que pode ser feito com a química.
9- A técnica é importante. Com poucas exceções, os especialistas em arte demonstraram muito pouco interesse pela técnica. No entanto, a técnica cria novas linguagens: fotografia, cinema e computador. “É o estudo aprofundado da maneira técnica como uma obra é feita que permite compreendê-la plenamente…” (Anthea Callen, Les peintres impressionnistes et leur technique, Art & Images, Paris, 2006).
10- Pierre Cordier não é o único praticante do quimigrama
Alguns historiadores da fotografia contemporânea sabem muito pouco sobre a história dos processos fotográficos alternativos e pensam (ou esperam?) que o quimigrama desaparecerá com seu inventor. Isso é uma aberração. Não só houve alguns artistas antes dele que praticaram técnicas semelhantes, como também muitos outros surgiram desde 1956. O quimigrama agora faz parte da família dos fotogramas, câmeras pinhole, clichês, etc. É tema de seminários, workshops, exposições, etc. Basta navegar na internet para verificar isso (clique aqui). Também podemos notar que a palavra tem sido frequentemente usada a posteriori para designar experiências anteriores. É isso que o filósofo francês Hubert Damisch qualifica como um “anacronismo”. O livro sobre a história do quimigrama ainda precisa ser escrito.
